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terça-feira, 16 de março de 2010

ELEIÇÕES: PROCURA-SE MULHERES










Vera Mattos

Presidente da Fundação Maria Lúcia Jaqueira de Mattos
Dirigente da Seção Bahia - do Capítulo Brasil
do Fórum de Mulheres do Mercosul
Dirigente da Rede Risco Mulher Brasil
Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Mémbro da Rede Nacional de Direitos Humanos.
Membro do Estado de Paz.
Visitem:

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Assunto: ELEIÇÕES: PROCURA-SE MULHERES
Data: Segunda-feira, 15 de Março de 2010, 3:08

Vejam abaixo a matéria. É como eu sempre digo, as mulheres são apenas coadjuvantes para compor chapa e eleger os companheiros homens. Dai, o desinteresse em disputar eleições, isso somado a falta de apoio e de dinheiro para bancar a campanha.
Abs,
Jeanete e Vera
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ESTADO DE MINAS
Belo Horizonte 14 de maio de 2010 - Caderno Política
 
ELEIÇÕES
Procuram-se mulheres
Partidos não conseguem preencher cota de 30% para candidaturas femininas. Participação apenas como coadjuvantes,
para compor chapa, seria um dos principais motivos do desinteresse
Bertha Maakaroun
 
JORGE GONTIJO/EM/D. A PRESS
Cabeleireira Izabel Alves foi candidata a deputada, mas não pensa mais em disputar porque acha que os partidos, em geral, privilegiam os homens

Caça às mulheres. Os partidos políticos estão à procura de candidatas para compor as chapas proporcionais às assembleias legislativas e à Câmara dos Deputados. Embora mais da metade da população do país seja do sexo feminino, faltam aspirantes à política. A julgar pela vã batalha retórica empreendida por líderes partidários na tentativa de cooptá-las, neste pleito, assim como em 1998, 2002 e 2006, as chapas mal conseguirão integrar 15% de participação feminina. "Não é fácil preencher as chapas. Vamos ter de trabalhar mais e mais, mas dificilmente conseguiremos atingir a cota de 30% de candidaturas femininas", afirma Roberto Freire, presidente nacional do PPS.

"O problema se repete em todos os estados e em todos os partidos. É muito pouco provável que algum partido consiga concorrer com a força máxima nas eleições proporcionais", avalia o deputado federal Rodrigo de Castro, secretário nacional do PSDB. "O PT tem tradição de candidaturas femininas competitivas. Mas, mesmo assim, tem dificuldades para envolver as mulheres na disputa eleitoral", considera o deputado federal Reginaldo Lopes, presidente do PT de Minas.

Nada que surpreenda. Em 1998, em todo o país, os partidos políticos lançaram, em média, 12,6% de candidaturas femininas às assembleias legislativas. Quatro anos depois elas representaram 14,4% das chapas e, nas últimas eleições, 13,9%. Para a Câmara dos Deputados, a participação feminina tem sido ainda menor: em 1998, as mulheres representaram 10,3% das candidaturas; em 2002, 11,4%; e em 2006, 12,7%. Embora para as câmaras municipais a participação feminina nas chapas seja maior, ela ainda está longe de preencher a cota reservada para um dos sexos, de 30%. Em 2000, as chapas proporcionais apresentadas pelos partidos políticos e coligações às 5.564 câmaras municipais foram integradas, em média, por 19% de mulheres. Em 2004, elas participaram com 21,6% das candidaturas e, em 2008, representaram 21,9% das chapas.

RESISTÊNCIA Motivos para resistir aos apelos, elas têm. Algumas revelam experiências frustrantes e repassam suas histórias em família e entre amigos. Aos 60 anos, a comerciante Meiry Delgado de Campos se lembra de sua candidatura a deputada estadual à Assembleia de Minas, pelo PV, nas eleições passadas. "Eles usam as mulheres mais para compor as chapas e depois as largam para lá. Não recebem apoio algum. Ficam a ver navios no meio da campanha", desabafa Meiry. "Quando concorri, vi mulheres que não tinham contato com a cúpula do partido e sem conseguir um só santinho. Coitadas. Para que chamam então?", questiona a comerciante, que já se decidiu: "Não concorro mais. Tenho mais o que fazer".

Também Izabel Lina Alves, de 45 anos, cabeleireira, guarda triste experiência de sua aventura eleitoral, quando concorreu pelo PTN a uma cadeira à Assembleia mineira. "Prometeram-me recursos para bancar a campanha e fui dando cheques pré-datados. No fim, estava endividada e só", afirma. "Por isso não pretendo voltar à política", garante. "Na verdade, a estrutura dos partidos está a serviço da eleição de uns poucos. E em geral, da eleição de homens", acrescenta Izabel.

Se mesmo depois da vigência da Lei das Cotas, em 1998, atrair mulheres para as chapas proporcionais tem sido uma tarefa difícil, ainda mais árduo é alcançar sucesso eleitoral. As cotas guardam um espaço nas chapas que as mulheres resistem em ocupar, mas, sobretudo, as cotas não garantem acesso ao poder. Proporcionalmente ao número de candidaturas, o índice de sucesso eleitoral masculino é duas vezes maior do que o das mulheres. Como o número de candidaturas masculinas é de três a quatro vezes maior do que o número de candidaturas femininas, o resultado são casas legislativas com uma presença feminina média de 9% a 13% do total de cadeiras.

Nas últimas eleições, as mulheres saíram das urnas com, em média, 6.496 cadeira – 12,5% – das 51.893 disponíveis nos legislativos municipais. Dois anos antes, elas haviam conquistado, em média, 121 – 11,7% – das 1.035 vagas nas assembleias legislativas do país. É, contudo, na Câmara dos Deputados onde a representação feminina caminha a passos mais lentos. Em 1936, quatro anos depois de a mulher ter conquistado o direito ao sufrágio, foi eleita a primeira parlamentar brasileira, Carlota Pereira de Queirós. Setenta e três anos depois, não passam de 45 das 513 cadeiras – 8,8% do plenário.


Pequena participação

No mundo todo é baixa a presença feminina nos parlamentos. Enquanto Ruanda, Suécia, África do Sul, Cuba, Islândia, Holanda, Finlândia, Noruega, Moçambique, Angola, Argentina, Bélgica e Dinamarca ocupam as 13 primeiras classificações no ranking, com representação nas câmaras baixas variando, nessa ordem, de 56,3% a 38%, o Brasil está na 110ª posição, com 8,8% de cadeiras na Câmara dos Deputados conquistadas por mulheres.

"Nesse conjunto de 137 países estudados e classificados pela Inter-Parliamentary Union, o Brasil se iguala aos países árabes, que também têm 9% de representação feminina", informa a pesquisadora Marlise Matos, chefe do Departamento de Ciência Política da UFMG.

Mesmo quando considerados América Latina e Caribe, o Brasil ganha em representação feminina na Câmara dos Deputados apenas de Colômbia e Haiti, respectivamente com 8,4% e 4,1% de cadeiras para as mulheres. Para Marlise Matos, nas sete últimas décadas, tem sido desproporcional a participação das mulheres.

"As mulheres são hoje, no Brasil, 51,3% da população, totalizam 42,7% da população economicamente ativa e 26,8% são pessoas de referência dos domicílios brasileiros, além de mais da metade do eleitorado nacional", diz a pesquisadora. A essa constatação, Marlise Matos indaga: "Por que, então, a presença das mulheres nos poderes decisórios tem avançado tão lentamente?".

Depois de se debruçar sobre estudos qualitativos junto às candidatas que, em 2006, concorreram às eleições à Assembleia Legislativa de Minas e à Câmara dos Deputados, além de deputadas eleitas, Marlise considera o que chama de "convergência perversa" de vários fatores. "Temos fatores de cunho institucional. Desde o começo, esse foi um jogo construído e mantido por homens e para os homens", aponta. "No plano individual, o custo subjetivo/objetivo da participação política feminina é extremamente alto para as candidatas", diz.

Segundo ela, os partidos se descomprometem da responsabilidade de apoiar especificamente as mulheres. A tudo isso se somam uma sociedade e uma cultura política patriarcais, no qual as mulheres, socializadas desde a infância, adotam papéis a elas destinados no âmbito da esfera privada.

   
ESTADO DE MINAS
Belo Horizonte 14 de maio de 2010 - Caderno Política
 
ELEIÇÕES
Elas dominam a Câmara
Mulheres são maioria no Legislativo de São João do Manhuaçu, na Zona da Mata, e têm pretensão de conquistar a presidência da Casa no ano que vem e a prefeitura em 2012
Ricardo Beghini
 
LEONARDO COSTA/ESP. EM/D.A PRESS
Marlene (PT), Marineusa (PP), Lucilene (PR), Sueli (PSDB) e Malvina (PSL) dizem que se entendem sobre o interesse da população

Em pelo menos uma cidade mineira os partidos não enfrentam dificuldades para conseguir mulheres candidatas. Em São João do Manhuaçu, na Zona da Mata, elas são maioria na Câmara. Dos nove vereadores, cinco são mulheres no único município de Minas onde elas têm a supremacia no Legislativo. E planejam ir além. É provável que uma delas assuma a presidência da Casa em 2011 e outra dispute a prefeitura em 2012.

"Diferentemente dos homens, que são mais racionais, as mulheres trabalham e agem com o coração", diz Marineusa Vieira Cardoso (PP), vice-presidente da Câmara e forte candidata a assumir o posto maior do Legislativo, hoje sob o comando do vereador Elias Mariano (PHS). Casada, mãe de uma filha, ela lembra que alguns projetos aprovados no município tiveram o toque feminino, como o da criação de uma guard a mirim atendendo 150 crianças e construção de uma creche na zona rural do municípío, de 10 mil habitantes. "Vale a pena participar da política, porque é uma forma de ajudar outras pessoas", enfatiza.

Já a vereadora Maria Sueli Tavares (PSDB), auxiliar de enfermagem e primeira-secretária da Mesa, conseguiu incrementar um projeto pessoal de possibilitar às mulheres carentes do município o acesso gratuito à cirurgia de ligadura de trompas, contribuindo para o controle da natalidade. "Com o poder de uma vereadora, fica mais fácil", assinala ela, que, aproveitando seu prestígio político, abriu as portas de clínicas e hospitais de cidades polo da região para interessadas no método de esterilização feminina.

Outro projeto importante foi a criação do Conselho de Desenvolvimento do Setor de Confecções, que levou dezenas de mulheres a cursos profissionalizantes na vizinha Muriaé. A autora da iniciativa, a vereadora Lucilene Ornelas (PR), é a parlamentar mais experiente da Casa e cumpre o segundo mandado. "Por ser mulher, tenho mais liberdade de lidar com as eleitoras. Muitas vezes, trabalho como psicóloga", diz ela, que vai se formar em pedagogia.

Lucilene entrou para a política por causa do marido, que também foi vereador por dois mandatos, mas resolveu se dedicar ao comércio, transferindo os votos para a mulher. "Meu trabalho teve reflexos, incentivando outras mulheres a entrar para a política", avalia.

A pioneira do Legislativo municipal, no entanto, foi a vereadora Márica de Almeida (1993-1996). Depois dela, somente Juliana Miranda (1997-2000) se aventurou na política, mas renunciou ao cargo para trabalhar num banco.

Na atual legislatura, a vereadora Lucilene faz parte da bancada de oposição ao prefeito João Batista Gomes (PSDB), assim com as parlamentares Marlene de Souza Dornelas (PT) e Malvina Luiza Florenço (PSL). Embora estejam divididas em dois grupos, as vereadoras, na maioria das vezes, se entendem quando está em jogo o interesse da coletividade. "O diferencial deste Parlamento é entendimento", conta a petista Marlene, de 47 anos.

Casada, mãe de três filhos, professora e líder comunitária do distrito de Pontões, Marlene lamenta que no restante do país o poder ainda não esteja distribuído equilibradamente entre os sexos. "Muitas mulheres não sabem que a política promove o bem-estar da população", ressalta. A petista, assim como a vereadora Malvina Luiza Florenço (PSL), entretanto, entende que as mulheres da oposição não estão tendo vida mansa por parte do Executivo. "O prefeito não atendeu nenhuma indicação minha", reclamou Malvina.

A parlamentar, de 43 anos, enfermeira e secretária de Saúde da gestão passada, diferentemente das companheiras, está decepcionada com a política e avalia que a Casa poderia ter ajudado muito mais o município se tivesse as reivindicações atendidas pelo prefeito. "Estamos aqui para votar pela qualidade de vida da população", disse ela, que já fala em abandonar a política para se dedicar exclusivamente à profissão.


Bravas e exigentes

O presidente da Câmara, Elias Mariano (PHS), destaca a participação feminina. "Sou um privilegiado de trabalhar com cinco vereadoras. Nossa cidade é única de Minas onde isso ocorre", disse. Segundo ele, as mulheres da Casa são mais bravas e exigentes que os homens. "Tem o lado delicado da mulher, que é preciso saber conduzir", ressalta ele, que, por outro lado, desconversa ao ser perguntado se já percebeu quando uma ou outra colega estava de TPM (Tensão Pré-Menstrual).

O prefeito João Batista Gomes, o João Carolino, confirma que um Legislativo com supremacia feminina exige capacidade maior de diálogo do Executivo. "É preciso dar mais explicações", assinala ele, que exerce o terceiro mandato. Ele entende que o fenômeno político de São João do Manhuaçu pode ser explicado pelo grau de escolaridade das vereadoras. Das cinco, duas atuam na área de enfermagem e três na educação. "Os homens são bom líderes, mas não têm escolaridade e têm dificuldade de se expressar", avalia ele, que é professor e contador.

O Executivo se defende das críticas de que não estaria atendendo os pedidos das parlamentares. De acordo com o prefeito, a crise financeira ainda gera reflexos agudos nos cofres municipais, que, este mês, tiveram queda de R$100 mil no repasse do Fundo do Participação dos Municípios (FPM), comparado a fevereiro. "Atendo, dentro do possível, todas as indicações, mas não dá para calçar todas as ruas".

Na Praça São João Batista, em frente à igreja matriz, as opiniões são divergentes sobre a Câmara com mais estrogênio que testosterona. "Acho que, em qualquer parte, o homem desenvolve um trabalho melhor que a mulher", disse o lavrador Itamar José Duque, de 55 anos, sem se preocupar de ser rotulado de machista. Ao lado dele, José Esmero Raimundo concorda e amplia o pensamento do companheiro de profissão. "Acredito que o homem é mais fácil de lidar. No futuro, elas vão se arrepender da política", completou.

Já o aposentado Paulo Dornellas, de 74, avalia positivamente o crescimento da participação feminina na vida pública. Embora pondere que ainda esteja cedo para avaliar o trabalho das cinco vereadores, Paulo crê que elas farão bom mandato. "A família, que é sagrada, começa pela mulher", disse. O lavrador José Márcio Garcia, de 39, considera que as mulheres têm mais tino para a área social. "Elas acrescentarão grandes ideias", conclui.
 
 
 
 
 
 
 
 Dia Internacional da MulherNão importa o tempo que levamos para cativar a amizade de alguém, o importante é marcarmos o nosso lugar para que mesmo ausentes, nos façamos sempre presentes!"







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